8.10.14

Filme de Hollywood com Mussolini é descoberto nos EUA

"Um filme intitulado The Eternal City, produzido no Verão de 1923 pelo americano Samuel Goldwyn e com Benito Mussolini no elenco, foi descoberto nos Estados Unidos e será projectado esta terça-feira em Itália, no Festival de Cinema Mudo de Pordenone.
Segundo o diário Il Messaggero, o filme foi rodado menos de um ano depois de Mussolini e o seu Partido Nacional Fascista marcharem sobre Roma, o que resultaria na sua tomada do poder em Itália.
Há muito dado como perdido, talvez por ser politicamente embaraçoso, The Eternal City foi encontrado nos arquivos do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) por uma investigadora, Giuliana Muscio. Do filme restam apenas as duas últimas bobines, equivalentes a 28 minutos.
Por que é que a América democrática se deixou seduzir com pelo fascista Mussolini? Porque, explica Muscio no catálogo do festival, “em 1923 um filme que glorificava Mussolini e o fascismo não era para Hollywood uma tomada de posição tão desconcertante quanto possa parecer a posteriori”. As paradas fascistas pareciam feitas para o grande ecrã, o ditador era visto como um herói popular e o seu anticomunismo deve ter parecido uma garantia mais do que suficiente a Goldwyn.
Realizado por George Fitzmaurice (que viria a trabalhar com Rudolph Valentino em O Filho do Sheik e com Greta Garbo), The Eternal City adapta um best-seller homónimo do escritor vitoriano Hall Caine, um melodrama que tem como pano de fundo as convulsões políticas que abalam Itália na segunda metade do século XIX.
Nesta adaptação cinematográfica rodada em Roma, a história é actualizada para o presente, com fascistas e comunistas a lutarem entre si pelo controlo de Itália. Mussolini limita-se a fazer de si próprio. Na cena final, ele é visto no seu gabinete no Palácio de Veneza, concedendo uma amnistia ao herói do filme, acusado de um crime político, deixando-o livre para se juntar à mulher que ama. O “Duce” terá autorizado as filmagens com a condição de que o filme tivesse um cunho pró-fascista. “De resto, os americanos olhavam com interesse para a figura de um jovem líder que estava a pôr ordem no país, tido como um homem de acção, sem conotações negativas”, explicou Giuliana Muscio ao Messaggero.

Em 1933, a Columbia Pictures lançou o “documentário” Mussolini Speaks, supervisionado pelo próprio, em que o líder fascista é retratado como um herói e salvador da pátria. Na altura, a Columbia anunciou nas páginas da Variety que o filme estava a ser um sucesso nos cinemas porque encontrava eco junto "de americanos de gema" e poderia ser "a resposta às necessidades da América"."

Fonte: "Público"

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