21.12.12

Natalis Solis Invictus



«O Natal é a velha festa do Solstício de inverno. Na noite mais longa do ano, igual ao inverno, ao frio, à neve, ao gelo, que parecem não ter fim, nessa noite única e terrífica, os nossos antepassados recusaram acreditar na morte do sol. Traziam no coração a certeza da primavera. Sabiam que a vida continuava, que as flores iriam furar a neve, que as sementes germinariam debaixo do gelo, que as crianças iriam tomar a sua parte na herança e que os seus clãs e as suas tribos iam conquistar todas as terras de que tinham necessidade para viver, todos os mares onde iam estabelecer um domínio sem limites.
(...) O nosso mundo está prestes a nascer. Invisível como as flores e as sementes de amanhã, faz o seu caminho debaixo da terra. Temos já as nossas raízes solidamente enterradas na noite das idades, ancoradas no solo dos nossos povos, alimentadas com o sangue dos nossos antecessores, ricas de tantos séculos de certeza e de coragem que somos os únicos a não renegar. Entrámos no inverno integral, onde se obrigam os filhos a terem vergonha dos altos feitos de seus pais, onde se prefere o estrangeiro ao irmão, o vagabundo ao camponês, o renegado ao guerreiro. Entrámos num inverno onde se constroem casas sem chaminés, aldeias sem jardins, nações sem passado.
(...) Somos só alguns que trabalham para o regresso da primavera.»


Jean Mabire, "Os Solstícios - história e realidade", Hugin Editores, 1995, pp. 89 e 91.