17.9.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - VI

«... Venceram as Democracias? Venceram. Mas quem venceu, antes delas, foi a Rússia, foram os Estados Unidos e, vá lá! foi a Inglaterra. Venceram estes três Estados, para si, para os seus interesses económicos, para os seus interesses políticos. Não foi por serem democráticos ou serem autocráticos que venceram. Venceram, porque tiveram a seu lado mais homens para lançar na fogueira, mais navios para dominar o mar, mais aviões para dominar o ar e arrasar mais cidades, e, por fim, porque dispuseram da bomba atómica. Não venceram por terem razão; não venceram por terem justiça; não venceram, quero crê-lo, por terem Deus do seu lado. Venceram porque dispunham de mais força.»(1)
«... Acabou por vencer o mais forte. E é a força que cria o direito, por muito que se esganicem a proclamar o contrário, os que vivem nas nuvens. Ponham os olhos em Nuremberga...
A vitória das Democracias eliminou do tabuleiro da vida internacional as Pátrias, com a sua independência, a sua soberania, o seu direito. Porque a teoria internacionalista da Democracia é matéria de exportação, objecto de propaganda, motivo de atitudes que os três Ditadores exploram incansavelmente. No mundo, só há três nações: as que se erigiram em senhoras do mundo. O resto, poeira de fantasmas obedientes, comprando pelo preço caro da da obediência, o direito à vida; porque se recalcitrantes, pagam com a vida a sua revolta.»(2)
«... A vitória das Democracias trouxe esta novidade escandalosa: a intervenção dos vencedores na maneira de ser moral dos povos, obrigando estes a actos que a mais rudimentar caridade condena!(3)
«... A guerra aos Nacionalismos e a vitória das Democracias deram este resultado perturbador: o domínio dos três colossos imperialistas do mundo, e a subalternidade efectiva e integral dos Estados pequenos e fracos. É uma espécie de neo-feudalismo: três senhores, servidos pela fidelidade de perto de uma centena de vassalos.
O sentimento nacionalista que levou alguns séculos a criar-se, e se alimentou à custa do sangue de tantas e tantas gerações e mercê de sacrifícios sem conta; esse sentimento que deixou no decurso da História, a assinalar a sua formação, figuras gigantescas de heróis de epopeia, e de mártires de agiológio, cai vencido e desfeito sob o tropel das três Democracias que monopolizaram o poder do mundo, e o domínio dos destinos do mundo.»(4)
«... Desde a Grécia, a da beleza olímpica da Acrópole, e da Roma Cesária ou da Roma das Catacumbas, até o Portugal dos Descobrimentos, é o vasto campo dos súbditos dos Três Ditadores, das três Democracias vitoriosas. As nações são espectros e farrapos. Para a harmonia do conjunto, têm que estender os pulsos às algemas, e curvar o pescoço ao jugo - às algemas que os Ditadores empunham, ao jugo que os Ditadores levantam ou carregam segundo o seu prazer...
«... A vitória das Democracias é um sofisma que esconde o domínio de três Impérios. Onde foi realidade deu o caos. Mas sofisma ou realidade, a vítima foi a Pátria.»(5)
«... Nós já tivemos em Portugal o Capharnaum - a Democracia na sua forma mais elevada; temo-la, hoje, na sua forma mais reduzida. E é por isso que personalidades como Jacques Maritain e Tristão de Ataíde combateram e combatem (arautos do M.U.D.) a situação portuguesa. A Espanha também teve o Capharnaum. Expulsou-o, e substituiu-o pelo Estado espanhol não democrático. É por isso que as Democracias vitoriosas lhe declararam guerra, e a consideram fora da lei. A França está em pleno Capharnaum: governam-na simultâneamente o Comunismo, o Catolicismo, e entre os dois, o Socialismo. A gente pasma desta maionese — mas isto é que é a Democracia vitoriosa. Mas a Inglaterra, com o seu Rei? Os Estados Unidos, com o seu Ditador totalitário que, pelo visto, é arcangélico, virginal e açucénico? Esses estão fora da discussão; esses podem fazer tudo quando lhes der na gana; esses são livres, são independentes, - porque são fortes, ricos e têm a... bomba atómica. Esses Senhores - para quem a Democracia é mercadoria a exportar, a aplicar nos outros, nos vassalos, como na França, ou na Grécia, na Itália ou na Bélgica, na Alemanha ou no Japão, na Jugoslávia ou na Roménia, etc., etc.
Vejam lá se há para aí algum Estado, temporal ou espiritual, que se atreva a meter o nariz no modo de ser constitucional dos Estados Unidos, da Inglaterra ou da Rússia? Estes são intangíveis, infalíveis, indiscutíveis! Vejam lá se há para aí alguma Potência, temporal ou espiritual, que proponha sanções contra a Inglaterra, por ser um Estado herético-maçónico, contra os Estados Unidos, por serem maçónico-heréticos, ou contra a Rússia, por ser a Ditadura mais cruel e torva de quantas reza a História?
«... A Vitória das Democracias impôs a Democracia ao mundo - isto é, o regime do Carpharnaum; impôs ao mundo o sistema da intervenção na vida interna dos Estados - substituindo, aqui, o que às Democracias não convém; dirigindo, aqui, ali; protegendo, além; condenando, mais além.»(6)
Notas:
(1) - In Três Verdades Vencidas: Deus - Pátria - Rei, pp. 16/17, Org. Bloco, Lda., 1949.
(2) - Idem, ibidem, pp. 17/18, Org. Bloco, Lda., 1949.
(3) - Id., ib., p. 17, Org. Bloco, Lda., 1949.
(4) - Id., ib., pp. 19/20, Org. Bloco, Lda., 1949.
(5) - Id., ib., pp. 26/28, Org. Bloco, Lda., 1949.
(6) - Id., ib., p. 28, Org. Bloco, Lda, 1949.

3 comentários:

Aécio disse...

Parabéns por esta iniciativa.
Os pensamentos de Alfredo Pimenta são simplesmente brilhantes.
Mais de 60 anos depois de escritos mantêm a sua actualidade e ajustam--se à realidade.
Tenho aprendido bastante:)
Daqui a uns tempos quando tiver mais tempo. Tentarei encontrar coisas deste Mestre para ler.
Já agora cumprimentos ao seu novo vizinho aí no que ele apodou de "Casa Castanha".

Skedsen disse...

Excelente! É altamente refrescante ler estes pensamentos. Dá-nos um novo vigor, parecendo que ficamos mais leves e a raciocinar e a absorver melhor. Obrigado, caro Nonas.

Anónimo disse...

Absolutamente extraordinário. Palavras sábias e proféticas. Passados 61 anos deste ilustre Patriota tê-las escrito, é como se o tivesse feito ontem ou, se se quiser, há vinte ou trinta anos no que respeita ao nosso país em particular e ao mundo ocidental em geral.
Quantos mais patriotas deste calibre necessitaria Portugal para tirar de cima de si a pata mundialista que, por interpostos agentes localizados no terreno, o esmaga e subjuga humilhantemente?

Há por aí uma mão cheia de Bravos portugueses tão patriotas quanto Alfredo Pimenta o foi, não se duvide, mas por muitos que sejam não chegam para nos livrar deste perfeito horror que atinge não só Portugal como todas as Pátrias que se prezam de o ser.
Tal como A.P. escreveu com uma lucidez assombrosa e já lá vão tantos anos, hoje, não três mas cinco ditaduras sanguinárias travestidas de democracias que dominam todos os países dos cinco Continentes com punho de ferro e ai de quem se revoltar. Aquele que o tentar é aniquilado sem apelo nem agravo, mesmo que tal custe a vida a milhões de inocentes. Satânicos como são, para eles estas mortes são apenas danos colaterais (como disse há poucos anos um desses cérebros maquiavélicos) sem importância alguma, desde que os seus objectivos diabólicos sejam atingidos. E país a país, todos foram/vão caíndo um neste abismo aparentemente sem retorno.

E esta tragédia - que inclui guerras consecutivamente engendradas entre países, conflitos fratricidas entre povos irmãos propositadamente desencadeados, quedas sucessivas de aviões, descarrilamentos contínuos de comboios, naufrágios, inundações, tempestadas e maremotos, epidemias e pandemias inventadas, doenças estranhas originadas por alimentos genèticamente modificados, vacinas às futuras mães que provocam mal-formações em fetos e muitas vezes a sua própria morte, vacinas em recém-nascidos saudáveis que originam as suas mortes prematuras, etc., tudo provocado artificialmente (são os próprios que afirmaram que podem fazer o que for necessário para atingir os fins desejados, tudo, até, sendo talvez este o menor dos males, fazer chover torrencialmente em qualquer ponto do globo) - foi acontecendo só anualmente, durante um certo período de tempo. Umas décadas após, recomeçou em força mas passou a mensalmente. Desde há uns anos a esta parte (porque o tempo dos mundialistas urge) os "desastres naturais" e as "guerras" de todo o tipo e feitio sucedem-se em simultâneo por todo o globo ocasionando muitos milhares de mortes, diàriamente.

E os povos vivem neste inferno desde há 65 anos, descontadas as terríficas décadas precedentes.
Este completo pavor só terá um fim quando as seitas e as maçonarias, que instituíram as democracias para dar cabo do mundo, desaparecerem para sempre da face da Terra. Mas para isso seriam precisos infelizmente, não um mas vários cataclismos, estes verdadeiramente naturais. Porque, não nos iludamos, nem um milhão de bravos combatentes e patriotas da fibra de um Afonso Henriques ou de um Nuno Álvares Pereira os conseguiria desalojar do topo da pirâmide. A partir de reuniões ultra secretas, esta execrável espécie humana, que nem nome de gente merece, maneja os povos do mundo inteiro como marionnettes. Até acabar de vez com o próprio mundo - o seu desejo supremo, como deuses que se julgam.

Por mim agradeço-lhe imenso mais este precioso pedaço de prosa, que ajuda a compreender melhor o seu pensamento e a apreciar cada vez mais o Grande Português que foi Alfredo Pimenta.
Maria