29.6.10

Os dois Rushdie, por Carlos Eduardo de Soveral

OS DOIS RUSHDIE


«...un uomo conosciuto per quel mal bigatto ch`egli è da chiunche lo connosce.»
G. Baretti, La Frusta Letteraria.

«...vano seria il disputare con un balordo, a cui né la natura né il libri diedero tanta capacità da distinguire tra il bene e il male.»
Id., ibid.

«Plumas traidoras, que por precio matan y después piden premios peregrinos.»
Juan Pablo Forner,
Exequias de la lengua castellana.


Na esteira de S Rushdie (death`s herb - erva letal,
tradução que não está mal),
o sujo, feio, albiónico judeu
- um`alma abjecta -
que com as gentes e família do Profeta,
seus Credo e Lei,
pelo que sei,
procazmente se meteu
(e, se na esteira
- forma arteira,
mercantil -,
de jeito vil
e nada original),
erva rasteira
(assim se chama
- que o mesmo é que Saramago,
nome aziago),
para seu e nosso mal,
a Cristo Deus Senhor, Seus pais terrenos,
santíssimos, serenos,
e à mesma Madalena
- a quem,
como a ninguém,
malquer, desama -
erva rasteira
(nightshade) injuriou.
Coisa que ousou,
sem mágoa ou pena,
gélida a face, imundas as entranhas,
de quem possesso está de Belial
e suas manhas,
e por completo mortas tem
a Fé, a Esperança, a Caridade,
isto é, toda a Verdade
(que nos outros quer fazer
desaparecer),
e dessa guisa a sanidade
mais fundamental(1).

Em quem
Satã acaba e começou por ser
a só, atra presença
que a ambos Rushdie, seus sequazes,
blasfemos e vorazes,
garante impunidade imensa,
somada a pingue paga material.
E isso sobre
a mais geral
indiferença
e a perfídia da presente
inteligentzia
ocidental
(tudo está podre),
que à Justiça, de feito,
e ao Respeito
e à Decência
vesgamente ignora,
e só do crime, e quanto mais nefando,
ou máximo desmando,
de si sempre contente
- pobre gente! -,
se enamora.
(«La prostitution, l`adultère, l`inceste,
le vol, l`assassinat et tout ce qu`on déteste,
c`est l`exemple qu`à suivre offrent nos immortels»
- já o tinha para si,
indómito e fiel,
Charles Péguy.)

Rushdie segundo, erva rasteira, (nightshade), e bem daninha,
a quem, desde a sintaxe, tudo falta
(o que lhe esmalta
cada lauda e cada linha):
fantasia,
inteligência, letras belas,
poesia,
e, mais que elas,
Rectidão, Pudor e Dignidade.
Ou inimigo radical não fosse da Verdade,
só ao negócio atento,
no ódio mais nojento.
Por tudo pretendendo que um país
que atraiçoa e não é seu
(foi o que quis)
o indicasse para um prémio europeu.
Sobre velhaco, cúpido e voraz
(como sói ser).
Que é o que faz
que a tudo e todos - Deus mesmo - seu espírito (?) espezinhe
e co`o que quer
de recto e limpo, santo e são, jamais alinhe.

Alto da Castelhana, 92-05-20, 92-06-17.


Cloaca maxima
- o que Haecker, Teodoro, lhe chamou -
é, então, por esta altura,
quase inteira a literatura:
olhando a todo o redondo,
um soez, procaz desnudo,
no romance, sobretudo,
do mais torpe e hediondo.
(Do convívio e o fruto seu
a Justiça essência é:
assaz o diz a Escritura,
Teodoro o assegura,
S. Tomás assim o leu:
mas de tal se não dá fé.)

Alto da Castelhana, Setembro de 96.


Ao que se poderia somar este objectivíssimo passo de Paul Claudel em Du Sens Figuré de l`Écriture na Introduction au “Livre de Ruth”, do Abade Tardif de Moidrey: «Insensibilité, tuméfaction, contraction, pourriture, mutilation, ce sont les caractères de la lèpre des corps auxquels la lecture de nos charmants romans contemporains nous permettra facilement de trouver des équivalents moraux.» (Pág. 80 da edição do texto integral da obra pela Desclée de Brouwer, Paris, 1938.)


Alto da Castelhana, Janeiro de 99.

(1) - Nota:
Do negro Cântico de Régio
poderia, se coerente,
Saramago respigar:
«A minha glória é esta:
criar desumanidade,
não acompanhar ninguém.»
Ou de Régio ou doutro alguém
que, qual Torga ou Aquilino,
por seu génio e probo tino,
prima essência
e sagrada independência,
o prémio falso, falso, não ganhou,
? deles ser não só pupilo
mas também repetidor?
Só por plágio e desamor
que não por afinidade,
uma assaz alta equidade,
um veraz, igual, valor.

A. C., 98-12-21.
Post-Scriptum: poema do livro inédito de poesia "Da Solidão e do Silêncio " de Carlos Eduardo de Soveral.
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