22.6.10

As minhas memórias de Couto Viana por Alberto de Araújo Lima

As minhas memórias de Couto Viana

António Manuel Couto Viana chegou ao meu conhecimento pela leitura do jornal A Rua, que o meu pai comprava todas as quintas-feiras.
Conheci-o pessoalmente num dos jantares anuais comemorativos do 28 de Maio e mais tarde, revi-o no centenário de Salazar (1989), no Porto. Onze anos depois revia-o novamente por ocasião do 50.º aniversário da morte de Alfredo Pimenta, onde palestrou, na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, levada a cabo a 29 de Novembro de 2000, em Lisboa.
A minha aproximação a Couto Viana dá-se pela boa mão de Rodrigo Emílio, a quem Couto Viana perguntou se sabia de alguém que o pudesse ajudar na recolha dos poemas publicados n`A Rua sobre o Ano Internacional da Criança e Rodrigo disse-lhe que sim, falando no meu nome como detentor da colecção quase completa desse magnífico semanário.
Concluída, então, a pesquisa e recolha dos poemas bem como das imagens que os ilustravam, fiz chegar ao António Manuel com impressões a laser. Couto Viana ficou radiante ao conseguir reconstituir essa selecta de poemas e ver assim dar à luz mais um livro da poesia “Criança é Rima de Esperança” (2001), com o que me brindou numa exagerada e “extraordinária gentileza” dedicatória.
A partir dessa altura, a nossa amizade estreitou-se e fiz-lhe vários desafios por ele aceites, desde logo e sem demora, como as homenagens ao Rodrigo Emílio nas quais marcou sempre presença de forma brilhante ou a reunião anual dos seus poemas com que me obsequiava para que não se perdessem. De uma delas, saiu outro livro de poesia, em 2007, editado pelo Averno sob o título de “Disse e Repito”.
Como “padrinho editorial” da Antília Editora, deu-me o prazer da sua presença no lançamento da mesma para a apresentação do livro de Rodrigo Emílio, “Pequeno Presépio de Poemas de Natal” (2005) abrilhantado com o seu “Elóquio” no Círculo Eça de Queiroz.
No ano seguinte, em Abril de 2006, a sua prodigiosa caneta, lavra um novo “Elóquio” para o livro de Rodrigo Emílio, “Matando a sede nas fontes de Fátima”.
Foi em Outubro de 2007 que tive as gratas Honra e Prazer, na minha qualidade de sócio da Antília Editora, de dar à estampa “Ao Gosto de Gosto”, livro sobre Gastronomia, com o magnífico trabalho de design gráfico do meu amigo e sócio António Alvim e as ilustrações de Carlos Barradas.
A pedido do meu amigo e camarada Humberto Nuno de Oliveira solicitei-lhe um poema inédito sobre o Condestável, dado ter já poetado por duas vezes; uma com “Ao Condestável, jubilosamente” (1979) e outra com “Exortação frente à estátua do Condestável" (1983), para além da peça teatro “A lição de Aljubarrota” (1948). “Prece ao Condestabre” (2009) para o livro “Nuno Álvares Pereira – Homem, Herói e Santo”, editado conjuntamente pela Ordem do Carmo e pela Universidade Lusíada de Lisboa.
O meu último pedido foi a sua colaboração para a “Antologia Poética de Rodrigo Emílio” (2009), com a brilhante “Carta-Prefácio”.
Senhor de cariz e porte aristocráticos, foi um grand-seigneur, de uma sensibilidade ímpar. Lembro aqui um episódio. Estávamos em 2001, no I Congresso Nacionalista, levado a cabo no Hotel Marryot, em Lisboa, no qual António Manuel Couto Viana marcou presença e pedi-lhe uma dedicatória para uma Senhora Amiga num exemplar “Sou quem fui – Antologia Poética” (2000). Couto Viana perguntou-me o nome da Senhora e, ali mesmo e na hora, fez uma dedicatória de uma singeleza extraordinária para no final da mesma, desenhar uma mão a oferecer uma rosa.
É mais uma voz de um Mestre que deixei de ouvir mas nunca de escutar.
António Manuel Couto Viana – Presente!

Alberto de Araújo Lima
In jornal O Diabo, págs. 10/11, 22.06.2010

1 comentário:

Humberto Nuno de Oliveira disse...

Muito grato pela tua amável referência.
Abraço