30.3.09

Bem cozinhado e de avental

Dizia-se que Portugal era um país de doutores no tempo de Salazar. Hoje, em três decénios de bambochata demo(nio)crática abrileira passou a ser um país de professores-doutores.
Exemplo disso é o caso do Ilustríssimo Prof. Dr. José da Costa Pimenta, autor de Direito Maçónico e de "Salazar, o Maçon", a editar pela Bertrand, no qual acaba de revelar “algumas das provas, das muitas disponíveis e geralmente conhecidas mas ocultadas, de que Salazar” foi maçon na clandestinidade e na sua multifacetada personalidade.
São 240 páginas merecedoras do Prémio Nobel do… Riso e da Gargalhada!
É um livro fundamental para a saúde mental – deveria ser vendido nas farmácias! – dos portugueses que sofrem de estados depressivos e que ficarão prontamente curados com a leitura destas páginas hilariantes.
Este livro ainda não está à venda mas é merecedor de uma apresentação nos hospitais Júlio de Matos e Magalhães Lemos lamentando-se o atraso da sua publicação em relação às festividades carnavalescas.

***

A Maçonaria «tem por fim “ligar” os homens entre si, e, por este facto, é uma religião (de religare) na acepção mais lata e mais elevada do termo» - Ritual do Grau de Aprendiz, editado pelo Grande Oriente Lusitano.
Na verdade, a Maçonaria define-se a si mesma como a «religião natural», alegadamente liberta de dogmas, ou seja, os maçons professam «aquela religião em que todos os homens estão de acordo, deixando cada um para si as suas opiniões particulares» (artigo I das Constituições de Anderson).
Aos vinte e cinco anos (1914), Salazar deixou de se confessar e de comungar. Os seus Discursos mostram que Salazar rejeita os dogmas da Santíssima Trindade e da Divindade de Jesus. Quer dizer, Salazar mudou de religião, escolhendo a «religião natural». Salazar tornou-se não apenas crente, mas sacerdote e pregador da nova religião, que é também «um sistema universal de ensino e de governo. Este livro apresenta algumas das provas, das muitas disponíveis e geralmente conhecidas mas ocultadas, de que Salazar mudou de religião, aderindo à sua nova fé.
PVP – 16,90€.
N.º de Páginas – 240.

José da Costa Pimenta (n. 1955). É investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa — projecto LanCog. «É um Jurista de elevada Craveira, um Magistrado distinto e um conceituado Autor, já com significativa audiência. Cumpre, em particular uma brilhante carreira profissional, onde sobressai inequívoca capacidade para atingir os maus altos voos. Dispõe duma preparação técnica de alto relevo, francamente destacada. Com ideias muito bem sedimentadas, [a] sua prática flúi, com elevação, acima e além de certa estreiteza por assim dizer corrente. Nota-se, de resto, a cada passo, a sua particular autoridade nos terrenos do Direito Adjectivo. Muito curioso, embrenha-se no limbo da investigação. Firmou, em consequência, um estilo próprio que, sem deixar de ser sintético e rectilíneo, beneficia de forte criatividade. É um juiz de magnífico porte. Merece, de todo o ponto, a notação de Muito Bom." - Conselho Superior da Magistratura, Relatório da Inspecção, Processo n.º 2/91.

6 comentários:

Manuel disse...

Agora já sei quem é o autor!
Ele transcreve parte do relatório de inspecção do Conselho Superior de Magistratura, quando efectivamente era juiz e mereceu a nota de "muito bom". Foi em 1991.
Esquece-se de informar o que se passou nos anos seguintes. O Dr. Pimenta foi expulso da magistratura.

Anónimo disse...

Meu caro,já te tinha aconselhado a não brincares com coisas sérias. E o dr. Pimenta (que não é Alfredo), é, não só um homem sério, como um verdadeiro caso sério. QUanto à tese de Salazar ser maçon, parece-me vir na recente linha da sua reabilitação que D. Maria Inlisa tão auspiciosamente (embora a contragosto), iniciou com aquele concursinho chalado. Depois, até tivemos uma telenovela que punha o Homem a conquistar o mulherio, contrariando a velha tese do reviralho que o apodava de misógeno. Claro que não lhe podem chamar maricas por isso hoje ser um elogio e larguíssima porta de entrada na política e no jet saite.
Por isso tem juizinho e não fales do que não sabes.
Um abraço,
Walter

Anónimo disse...

Minha nossa! (como diria uma nossa amiga brasileira já falecida, perante semelhante explosão de criatividade...). E que introdução ao autor tão esquisita, acrecentaria eu.

E já agora, aquela biografia não tão concisa quanto isso e cheia de floreados, estará mesmo escrita em "português"?!
Maria

Anónimo disse...

As informações do Manuel mudam tudo. Na verdade, se o autor do livro foi «expulso» da magistratura (de qual delas?) e segundo as publicações oficiais, ficou a ganhar cerca de 2.600 € por mês (excepto nos meses de Junho e de Dezembro em que recebe o dobro disso, respectivamente, 5200 € e 5200 € - eu também gostava de ser assim «expulso» de uma coisa qualquer) sem ncessidade de trabalhar (o que lhe deve ter permitido escrever o livro, ir ao cinema, etc., conforme quiser), tem-se a seguinte verdade lógica: Salazar não é maçon e, portanto, a tese que o autor apresenta é falsa.

Anónimo disse...

Já li o livro que consegui pela porta do cavalo (é um cavalo com portas). A conclusão do livro é a seguinte:

«CONCLUSÃO

No final de cada um dos dez capítulos antecedentes, apresentámos dez pares ordenados de premissas [...]. De cada um destes pares ordenados segue-se a conclusão: «Salazar é maçon».
Claro que ninguém é obrigado a aceitar esta conclusão. Todavia, só há uma maneira racional de não a aceitar que é disputar com êxito pelo menos um dos membros de cada um dos referidos pares ordenados de premissas. Concretamente, depois de rejeitado A1 ou B1, A2 ou B2, A3 ou B3, A4 ou B4, A5 ou B5, A6 ou B6, ao chegar à prova das Paixões, quem quiser afastar a conclusão C7 — Salazar é maçom — terá que rejeitar a premissa A7 ou a premissa B7 ou ambas, conseguindo, por exemplo, uma melhor explicação para os pensamentos, crenças e vocabulário de Salazar acerca das paixões. Terá ainda de prosseguir rejeitando A8 ou B8, A9 ou B9 e A10 ou B10.
Além disso, existem muitas outras provas semelhantes às dez que neste livro foram apresentadas, a saber, por ordem alfabética: a prova A Bem da Nação, a prova da Agremiação, prova da Alma Humana, a prova da Autoridade, prova do Elo da Cadeia, a prova da Câmara, a prova da Caridade, a prova do Comunismo, a prova do Despotismo, a prova dos Deveres, a prova de Estar de Pé e à Ordem, a prova das Estrelas do Céu, a prova da Fábrica, a prova do Facho, a prova da Família, a prova do Fanal, a prova da Felicidade Possível, a prova do Fogo Interior, a prova da Força Armada, a prova da Força e Vigor, a prova da Incenso, a prova dos Marcos Miliários, a prova da Morigeração dos Costumes, a prova do Neófito, a prova do Obreiro, a prova do Oriente Eterno, a prova do Quadrilátero, a prova dos Partidos, a prova da Pátria, a prova da Prevalência do Espírito sobre a Matéria, a prova da Razão, a prova da Regeneração, a prova da Revolução, a prova do Trabalho, a prova Tudo pela Nação, Nada contra a Nação e, a prova do Zelo dos Neófitos. Assim, quem pretender negar a conclusão — Salazar é maçon — terá de rebater igualmente, uma por uma, todas essas provas.
Acresce que existem muitas outras provas públicas de que Salazar era maçon e não escondia essa qualidade. Tal é o caso, por exemplo, dos gestos e sinais maçónicos por ele realizados à vista de toda a gente — há imagens e fotografias disso.
Por outro lado, se Salazar era maçon, então os seus escritos dizem muitos mais do que aparentam dizer. Na verdade, os maçons escrevem da seguinte maneira:

[C]om um «positivo» de leitura directa e acessível aos profanos e um «negativo», apenas decifrável por um restrito universo de iniciados.

Por conseguinte, os escritos de Salazar serão uma mina de informações, embora só ao alcance de um número restrito de pessoas. Realmente, usando o idioma maçónico, Salazar diz, por exemplo, de Portugal, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Cardeal Cerejeira coisas verdadeiramente surpreendentes.»

Anónimo disse...

Já foi defendida a tese de que Salazar era comunista. O seu autor é Afonso Costa. Fê-lo em A VERDADE SOBRE SALAZAR, livro de 144 páginas, publicado em 1934, no Rio de Janeiro, e agora à venda no miau. Trata-se de um conjunto de entrevistas concedidas a José Jobim, em Paris. A p. 7 consta esta informação: «Este livro é uma resposta a "Salazar" do Sr. António Ferro.» Algumas frases desse livro de Afonso Costa são as seguintes: «[Salazar quer prosseguir] na execução do seu programa horrível de tranformação de Portugal num novo "Estado Ideal Comunisma"»; «[há] o Estado fundamentalmente comunista em que o doutor Salazar desejaria transformar Portugal»; «[há] tendências comunistas especiais [...] na obra económica da ditadura portuguesa»; «Assim criou Salazar o Estado forte [...] que já vai tomando umas tintas de comunismo»; «nunca se chegou a extremismo idêntico em nenhum outro país, e nem mesmo na Rússia»; «[Salazar quer um Governo] à luz da experiência comunista da Rússia».