10.5.07

Salazar ganhou e então? por Brandão Ferreira


Salazar ganhou e então?

Salazar ganhou. Foi apenas um concurso mal engendrado, mas ganhou. Porventura porque tudo à volta da “competição” foi feito para ele perder. Salazar ter ganho parece-me natural. É apenas um corolário lógico da sua obra e da sua vida. Salazar foi um ganhador e até ao fim dos seus dias, nunca saiu derrotado de qualquer um dos seus empreendimentos. Até antecipou, a propósito de quererem dar o seu nome à agora ponte 25 de Abril (por acaso inaugurada a 6 de Agosto…), o que fariam à sua memória, anos depois. Além disso a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. É verdade que aboliu os partidos políticos – ou melhor tentou reuni-los todos em um, que tivesse “de jure” e “de facto” a Nação como referência primeira e última. Mas a verdade nua e crua é que a culpa foi dos partidos que tinham gerado perturbações gravíssimas nos cem anos anteriores. Os portugueses estavam fartos deles (como estão a ficar novamente…). Salazar apenas formalizou o acto. Foi mais longe e institucionalizou uma doutrina que o sustentasse. É certo que perseguiu os comunistas. Mas que podia ele fazer? O Partido Comunista era, naqueles tempos (e hoje não aparenta ser diferente na sua essência), um partido revolucionário, que defendia acções violentas. Eram mutuamente exclusivos. Ora entre os milhões mortos na Sibéria e as poucas dezenas que passaram pelo Tarrafal, parece-nos que a escolha era óbvia. Entre ser independente e patriota ou ser marioneta de Moscovo, a escolha também aparenta ser cristalina. No mais, e convém ser sintético, António de Oliveira Salazar fez tudo certinho: era integro, modesto, nunca prometeu nada que não cumprisse, dava o exemplo, exercia a autoridade com humanidade e não se lhe conhecem vícios nem vilanias. E como o Professor António José Saraiva, que chegou a ser comunista e se tornou um eminente homem de cultura, reconheceu, em artigo no Expresso, Salazar possuía a “rara virtude da recta intenção”. Ora foi sobre esta figura impoluta de estadista que nasceu pobre, viveu pobre e pobre morreu, depois de ocupar o Poder (que muitos erradamente julgam ter sido absoluto), durante 48 anos, jazendo por vontade própria em campa rasa junto a seus pais, que caiu o odioso da esmagadora maioria dos filhos d’algo deste destroçado país, que se têm aproveitado das condições de mudança, porventura bem intencionada, que um grupo de militares criou, em 25 de Abril de 1974. E apesar da propaganda contumaz dos últimos 30 anos; dos paupérrimos compêndios de História por que se passou a ensinar nas escolas e da acção deletéria da esmagadora maioria das manifestações artísticas, a figura de Salazar ganhou, pela segunda vez uma votação como figura já histórica. Na prática, sem grandes hipóteses de contraditório fazendo lembrar “censuras” que se dizem combater… Afinal alguma lembrança existe na memória colectiva da população. E, infelizmente, os exemplos que lhe têm sido servidos, só podem reforçar essa lembrança. E, no nosso entender, todas as iniciativas que intentaram denegri-lo revelaram uma falta de honestidade intelectual tão grande, que levou inúmeros cidadãos a votar em Salazar, o que de outra forma não fariam. Como exemplo temos a tentativa espúria de o excluir à partida do concurso; depois os convidados para as diferentes sessões que maioritariamente atacavam a sua figura; a muito pouco séria atitude da apresentadora, Maria Elisa, que transpirou parcialidade; o lançamento de um livro sobre as “vítimas antifascistas”, apresentado por Mário Soares; uma quantidade apreciável de artigos e programas de rádio e TV a baterem no “odioso ditador”, etc., provocaram, estamos crentes, uma reacção de repulsa em fatias consideráveis da população. Mais uns apontamentos apenas: Cunhal ficou em segundo, o que só abona a favor da disciplina dos seus seguidores. Mas ele está deslocado neste concurso. Cunhal pertence a outro campeonato, por exemplo, “dos heróis internacionalistas”; “do melhor comunista da História”; “do maior persistente e coerente no erro”, etc. Nunca no dos grandes portugueses. Um homem que defendeu sempre até morrer, objectivamente, os interesses de uma potência estrangeira (até mesmo depois desta desaparecer!), não pode ser considerado patriota. Ora um português que não é patriota, não pode caber sequer na categoria dos “pequenos portugueses”. A votação em Cunhal, foi pois um equívoco. Aristides Sousa Mendes é um epifenómeno sem qualquer razão de ser. Até ao concurso era uma figura desconhecida de 99% dos portugueses. De repente apareceu uma história mal contada e fabricaram um mito… com pés de barro. Foi um equívoco por desinformação. Quanto ao desconhecimento relativo a figuras históricas de peso (é até escandaloso como na lista dos 100 mais estão incluídos alguns nomes e outros ausentes!), devia merecer das autoridades competentes uma leitura atenta. Tal é fruto da acção de quantos por razões ideológicas têm maltratado a História Pátria; pela leitura marxista da História que põe o acento tónico nas lutas de classes, nos movimentos das massas, no domínio dos meios de produção, etc., e renega os Heróis, ou qualquer outro evento que não encaixe na sua doutrina e, finalmente, por causa da União Europeia, que pretende esbater toda e qualquer rivalidade histórica entre os seus membros. Salazar tem resistido a tudo isto. É mais um feito notável.

João José Brandão Ferreira

Nota: Pilhado com a devida vénia do Grifo.

2 comentários:

Anónimo disse...

O texto de Brandão Ferreira foi publicado em primeira mão no Diabo,com chamada na primeira página.

Anónimo disse...

Mais um sensacional texto do amigo Brandão Ferreira, abraços daqui do Sérgio do Brasil sergiovinhais@hotmail.com