18.4.07

Salazar visto por Alfredo Pimenta - I


«... Entre os títeres que representam o bloco ocidental, e o Neo-Czar um Homem, com H grande, que não é americano, nem russo, nem inglês, nem escandinavo, nem francês, nem abexim; um Homem que não dispõe de exércitos nem de esquadras, de bombas atómicas ou de vetos; um Homem que não anda turisticamente pelas salas das conferências, nem é chamado aos conclaves dos medíocres, porque os confundiria a todos. Esse homem é português, e dispõe tão só da sua Inteligência culta, da dialéctica honesta das suas razões sinceras, da profundeza e da substância das suas doutrinas sãs - chama-se Salazar.
A demência de uns, à inferioridade mental de outros, à ciganice destes, ao cinismo daqueles, só ele seria capaz de opor a verticalidade insuperável dos seus princípios, a inflexibilidade da sua ética, a serenidade impecável da sua austeridade, tudo o que, há perto de vinte anos, constitui o capital seguro da sua política.
Que falta a este Homem, para ser, na hora doente em que vivemos, guia previdente, conselheiro sensato, e Juiz severo? Para ser grande, não precisa de ser comparado aos Grandes reinantes. Compará-lo a eles é ofuscá-los, sumi-los, reduzi-los à sua natural insuficiência.
O que falta é apenas isto: ser governante de um Estado poderoso que, para se fazer ouvir e obedecer, tenha atrás de si, a apoiá-lo, as bocas dos canhões e as baionetas dos Exércitos.
No mundo materialista que é o nosso mundo, o que vale é a Força bruta - a força das Armas, ou a força dos Dollars.
Salazar fala em nome de um Estado que possui apenas uma História.
Representa uma Ideia, em um momento em que só os maquiavelismos pragmáticos valem; representa o Espírito, quando só a Matéria pesa; representa a Lealdade, quando só a Hipocrisia se impõe; representa a mão estendida e aberta, quando o punho cerrado se respeita e adora.
Há quase vinte anos, um Povo, caído na mais terrível das insolvências, entregou-se nas suas mãos. Esse homem pediu confiança, e só com ela, ergueu esse Povo, e fez desse Povo atribulado, escarnecido, desprezado, o único Povo da Europa que não precisa de esperar a esmola do pão que come, e que seria feliz se não fossem as desgraças dos outros.
Porque não se entrega o mundo, com fé, a esse Homem, em vez de andar atrás dos grandes pigmeus e dos seus planos mirabolantes que encalham aqui, e encalham acolá, e são manifestamente, indiscutivelmente, idiotas?
Digo isto sem sombra de cortezanismo ou de lisonja. Depois de mim, logo depois de mim, o primeiro que está certo de que sou incapaz de uma e outra coisa, é Salazar!
Não quis a Providência restituir-nos o Rei. Deus sabe com que mágoa o verifico!
Mas há perto de vinte anos que está à frente dos nossos destinos, para seu próprio sacrifício, e o nosso orgulho e o nosso bem, a Inteligência culta e o carácter nobre de Salazar.
Só Deus sabe com que satisfação o reconheço!
Vinte anos contínuos, se fizer a história verdadeira do mundo civilizado, e desta Paz de rancores e de inépcias, há-de confessar-se que só um Homem existiu que poderia evitar que essa Paz fosse rancorosa e inepta: Salazar. Não o ouviram, não o chamaram, que é da natureza das coisas que os medíocres e os sub-medíocres fechem os ouvidos às palavras clarividentes dos espíritos cultos, e fechem os olhos aos exemplos das consciências sinceras e rectas.»

(In Em Defesa da Portugalidade, pp.24/27, 1947.)

***
«... É, na verdade, uma hora nova, esta hora que estamos a viver.
Devemo-la, de modo especial, a um homem: a Salazar, encarnação de Princípios, de Ideias, de Doutrinas que o Portugal legal de há um século ignorou, embora no Portugal real não faltasse quem Ihas proclamasse.
Um dos grandes e imortais serviços prestados a Portugal por Salazar consiste numa coisa de que só os verdadeiros Homens de Estado são capazes: fazer das circunstâncias, instrumentos úteis das suas ideias.
Chamado ao poder para sanear as Finanças públicas, Salazar não se limitou à missão de que o tinham encarregado; foi muito mais além: meteu ombros à tarefa difícil de limpar a Nação das mazelas revolucionárias, restituindo a Nação à própria Nação. Nesse trabalho anda empenhado. Trabalho gigantesco, porque o peso morto das resistências passivas, dos egoismos interesseiros, do incivismo das chamadas elites, da incompreensão e da estupidez das massas, da influência deletéria das forças ocultas, é enorme, e bem poucos são os que vêem para além das fórmulas do presente, necessariamente transitórias, as bases estáveis que o Futuro reclama.
Dá-me Salazar a impressão da voz do que clama no deserto. À audácia silenciosa do seu pensamento, responde a cobardia, a timidez, o gaguismo dos que deviam acompanhá-lo, animá-lo, estimulá-lo e facilitar-lhe o terreno por onde tem que andar.»

(In Infantas de Portugal, in «Gil Vicente», vol. XVI, n.º 10/11/12, p. 222, Outubro/Novembro/Dezembro de 1940.)

1 comentário:

Anónimo disse...

El ejemplo es un cuadro vivo