13.2.07

Crítica a um texto abjecto de Rui Pêgo

Recebi do meu bom Amigo, Sr. Eng. Francisco Ferro uma crítica ao texto abjecto de Rui Pêgo, intitulado "Salazaritos".
Tive a honra e o prazer de conhecer o Eng. Francisco Ferro no dia e na hora em que se celebrou o cinquentenário da morte de Alfredo Pimenta, numa conferência realizada na SHIP e organizada pelo Prof. António José de Brito na qual estiveram presentes a dar o seu testemunho de fidelidade e por via oral, Rodrigo Emílio, Prof. Carlos Eduardo Soveral, Goulart Nogueira, Couto Viana, entre outros.
Esta homenagem a Alfredo Pimenta, ocorreu no dia 29 de Novembro de 1999 - dia que jamais esquecerei - dada a impossibilidade de se efectuar no dia 15 de Outubro, dia da morte deste Mestre da Portugalidade.
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Lisboa, 6/2/07

Meu caro Nonas

Envio-lhe hoje o artigo intitulado “Salazaritos”, peça notável do jornalismo democrático publicada na revista “Domingo” do “Correio da Manhã”, de 4 de Fevereiro deste mês. O autor do texto procura passar a mensagem de que os Salazaristas estão a tentar uma manobra suja, de modo a aumentar os votos no ex-Presidente do Conselho. Para desfazer quaisquer equívocos, citemos Rui Pêgo: «A trapaça é simples: uma mensagem, "por favor ligue-me", sem identificação do remetente, é enviada para os telemóveis. Quem responde, apanha pelas ventas com uma voz feminina: "O seu voto foi para António de Oliveira Salazar. Este voto altera qualquer voto anterior efectuado por este telefone.”»
A acusação de Rui Pêgo é facilmente desmontável. De facto, quando se recebe, uma mensagem no telemóvel, há duas hipóteses: ou o número do emissor aparece no écran do telemóvel e o destinatário sabe quem telefonou, ou não aparece porque o número do emissor da mensagem é confidencial; neste caso, não basta dizer “ligue-me”, sendo necessário acrescentar o número para o qual deve ser enviada a resposta. Só que, os números de telemóveis começam por 91, 93 ou 96 e, mesmo na rede fixa começam por 2; 21 em Lisboa, 22 no Porto, 284 no Alentejo, etc, etc. Mas, há ainda outro problema: o número indicado para votar em Salazar é 760102003, não existindo nenhum assinante da rede fixa ou móvel, particular, que o possua. Os números começados por 760, ou 800 ou 808 (ou talvez mais), referem-se a empresas ou serviços especiais, de modo que a pretensa fraude é tecnicamente muito difícil, senão mesmo impossível.
Este artigo do
democrazito Rui Pêgo é um aborto, tal como o concurso “Grandes Portugueses”. Nós poderíamos compreender que se votasse no melhor político, ou melhor poeta, na melhor fadista, no melhor jogador de futebol e por aí adiante: agora, misturar D. João II com Saramago, Afonso de Albuquerque com Eusébio ou Amália com Luís de Camões, isso só poderia passar (e passou) na mente pouco esclarecida dos responsáveis da RTP ou da D. Maria Elisa.
Este concurso televisivo, repito, é de facto um aborto porque se pretende matar a inteligência dos portugueses em nome das modas dominantes, da conquista de audiências ou, então, de algo mais preocupante: denegrir a imagem de alguém que, acima dos seus defeitos ou das suas imperfeições, sempre se bateu pela independência e pela soberania da Nação Portuguesa. O que é diferente de lutar pelo imperialismo da União Soviética ou pela preponderância da Comissão Europeia, completamente livre para nos dizer o que temos de fazer. O resto é conversa.

Pedindo desculpa deste desabafo, peço-lhe que aceite um abraço amigo do
Francisco Ferro.

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